sábado, 18 de fevereiro de 2012

report: MISFITS + JUICEHEAD + BERETTA SUICIDE @ Cine-Teatro Corroios 12/02/2012



O domingo gelado de Fevereiro convidava a ficar em casa, enrolado nos cobertores da sala, com o sistema de entretenimento a debitar uma qualquer película duvidosa e um chá quentinho em cima da mesa, para também aquecer de dentro para fora! Mas a cabeça, a vontade e o destino da noite domingueira já estavam determinados desde que a Xuxa Jurássica anunciou o regresso dos míticos MISFITS a paragens lusitanas!

O entusiasmo sentido em crescendo à medida que a hora se começava a aproximar era mais que suficiente para fazer esquecer que na sua última passagem pelo nosso país eu não os tinha ido ver, que nem Doyle nem Michael Graves fazem já parte da formação da banda, que Jerry Only, apesar de ser uma lenda do punk, apesar do seu empenho, vontade e presença de palco, não é grande coisa como vocalista principal ou que a capacidade desta banda em conseguir compor e gravar bons discos já viu muito melhores dias! Este tipo de pensamentos podia estar presente na cabeça de muito boa gente, mas isso não impediu que o Cine-Teatro de Corroios recebesse a banda de New Jersey com uma sala praticamente lotada! Afinal de contas, estamos a falar de MISFITS, caramba!!

Depois de um ligeiro atraso na abertura de portas, ninguém quis perder a oportunidade de se refugiar do frio que se fazia sentir na rua, procurando também ocupar o seu lugar na sala, entre as conversas habituais e as cervejas do costume, enquanto se aguardava pelo início da música propriamente dita! Foi com sotaque britânico que a acção de palco começou a acontecer, com a prestação dos BERETTA SUICIDE, um nome imposto aos promotores nacionais apenas a alguns dias da data do evento, eles que haviam já escolhido os nacionais PUNK SINATRA para estarem aqui presentes! Talvez devido a esse detalhe ou simplesmente por estar uma noite gelada e ser o início das actividades, a relação entre a banda e o público manteve-se um pouco fria e houve pouca reacção ao trio oriundo de Leeds (ed: a informação disponível no seu website menciona quatro elementos) que, durante aproximadamente trinta minutos, apresentou os seus temas fortes e ruidosos, com maior tendência para a toada rock e menor pendor para os esperados exercícios acelerados, característicos do punk a que muitos estariam mais habituados mas que, ainda assim, com maior ou menor atenção conseguida junto do público, foram conseguindo apresentar alguns temas do seu EP auto-intitulado e lançado quase no final do ano passado!


 O tempo de exercício chegou depois com os americanos JUICEHEAD, também eles um trio, mas com maior sucesso no que diz respeito a conseguir uma resposta positiva por parte de todos quantos estavam ali presentes! Num momento da sua carreira em que promovem o disco “How to Sail a Sinking Ship”, lançado pela Misfits Records, os nativos de Chicago mostraram excelente presença e à vontade em palco, com enorme boa disposição, demonstrando também que o seu estilo de punk-rock acelerado, melódico e cheio de ‘ganchos’ foi uma óptima aposta para começar a trazer um pouco de festa, movimento e alegria aos corpos enregelados cujo sangue ainda não tinha aquecido o suficiente, apesar de que, por esta altura, a quantidade de público que preenchia a sala de Corroios já era mais que suficiente para conseguir produzir bastante calor humano!


Quando se começaram a ouvir os primeiros sons do tema que dá título ao mais recente disco da longa carreira dos MISFITS, sabia-se que o momento de dar novamente as boas vindas ao legado de 35 anos tinha finalmente chegado! Jerry Only, Dez Cadena e Eric Arce tomaram conta do palco e arrancaram com os três primeiros temas do novo album, ‘The Devil’s Rain’, ‘Vivid Red’ e ‘Land Of The Dead’! Infelizmente para eles e para o público, também arrancaram os primeiros esgares de sofrimento em algumas faces, dadas as proporções sofríveis que o som atingiu neste ponto! Ao que parece, alguns ‘engenheiros’ de som ainda não compreenderam que mais alto não é necessariamente bom! Mas deu-se o benefício da dúvida aos ‘engenheiros’ e o certo é que à medida que a actuação da banda foi decorrendo, as condições foram melhorando!

Mas a dúvida que subsistia, pelo menos na cabeça aqui deste vosso companheiro, era saber que tipo de setlist poderíamos nós esperar esta noite a partir de um arranque destes! Não foram necessários grandes exercícios de lógica para compreender que a banda de Jerry Only, com um novo disco debaixo do braço e com muita vontade de não ficar demasiado agarrada aos egos e glórias do passado, debruçou-se bastante sobre os temas de “The Devil’s Rain” e quase correram o risco de começar a perder a ligação com o público, não se tivesse dado o caso de começarem a debitar alguns trunfos cá para fora, como se deu com o caso de ‘Static Age’, ‘She’ ou ‘American Psycho’! Depois deste reacender do namoro, o concerto dos veteranos seguiu um caminho mais equilibrado e animado, talvez mais ao encontro daquilo que muitos dos presentes desejavam, com o desfilar de temas como ‘Shining’, ‘Dig Up Her Bones’, ‘Scream’, ‘Halloween’, ‘We Are 138’ ou ‘Where Eagles Dare’, entre muitos outros, até chegarem ao momento final com ‘Die, Die, My Darling’, uma verdadeira marca registada na história!


Escasso em palavras com o público durante a duração do concerto, deixando apenas breves apontamentos e a sempre presente contagem ‘one, two, three, four!!’, o mestre de cerimónias, Jerry Only, rendeu-se a um jovem fan de onze anos, fazendo-o subir ao palco e oferecendo-lhe o microfone para que pudesse cantar com os MISFITS e com o público de Corroios!

Após o final do concerto propriamente dito, Only subiu ao palco agradecendo a presença de todos, não só naquela noite, mas também ao longo de uma carreira de 35 anos, comprometendo-se a passar mais alguns minutos juntamente com os fans, assinando as suas coisas e tirando fotografias, com a condição de não fumarem perto dele, ao que juntou ainda um pedido: “you gotta stop smoking so much, geezz!!

texto: Rui Marujo (@facebook)
fotos: Pedro Roque (@flickr - @facebook

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