quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

entrevista: MACHINERGY

O disco de estreia foi lançado em Setembro de 2010, um passo decisivo para uma banda que, apesar dos curtos anos sob o nome MACHINERGY, transporta consigo um espírito bem mais veterano, a que não serão alheios os laços de amizade que unem os membros deste trio!
Para o depoimento presente, foi requisitada a preciosa troca de ideias com Ruy (guitarra/voz) e Helder (bateria), para que não ficassem assuntos por debater, nem perguntas sem resposta




Como se sentem os MACHINERGY, num momento em que o vosso album de estreia vê finalmente a luz do dia?

Ruy: É verdade, finalmente! É claro que este “finalmente” é mais para nós do que para qualquer outra pessoa pois não estamos a falar propriamente de um “Chinese Democracy”, versão portuguesa, eheh! Estamos muito satisfeitos com o lançamento do disco e com tudo acerca dele pois constitui um marco extremamente importante, talvez o mais importante, que está e vai definir a nossa carreira e o nosso futuro daqui para a frente. Foi uma longa jornada, de muito trabalho e dedicação! É claro que agora é que as coisas vão começar a rolar e a desenvolver e há muitos desafios pela frente, algo que nos agrada e que vamos abraçar! O tempo de “brincar” às bandas já acabou e agora é para jogar a sério, jogar tudo, eheh! Este disco era mesmo o que faltava como motor de arranque para todos os nossos projectos e penso que daqui em diante só pode melhorar!

Apesar da banda ter sido criada apenas em 2006, vocês já referiram algumas vezes que “Rhythmotion” é um sonho de vinte anos que se concretizou! Expliquem lá isso melhor:

Helder: Finais dos anos 80, andávamos na escola e passávamos o tempo a ouvir e a descobrir novas bandas nos intervalos das aulas. Daí até querermos formar uma banda foi um saltinho. Então, nessa mesma escola, um dia ouvi dizer que alguém andava a formar uma banda e nesse mesmo dia fui falar com o Ruy. Inicialmente, a vaga de baterista já estava ocupada, eheh! Havia uma vaga de guitarrista, mas depressa as coisas mudaram. Até então, só nos cadernos e livros da escola é que surgia um line-up com a denominação de “Mortalha”. Depois de ajustarmos as competências de cada um, lá começámos a ensaiar, mas foram surgindo novos projectos e as coisas tomaram outros rumos. Só com Machinergy é que surgiu a oportunidade de gravar um álbum, outra maturidade, mais condições. Portanto, é um sonho realizado, sem dúvida! Tínhamos 16, 17 anos de idade quando tudo começou.

No que diz respeito a gravações, muitas bandas iniciam o seu percurso recorrendo ao registo de uma demo ou mesmo um EP, mas os MACHINERGY apostaram desde início num longa-duração. O que os levou a embarcar nessa decisão?

Ruy: Queres que te diga sinceramente?! Já não temos idade para demos e EP’s, eheh! A sério, e sem desprimor para qualquer dos formatos e/ou bandas que optem por tal solução, com Machinergy isso nunca iria acontecer pois uma das condições que auto-impusemos logo no arranque da banda foi o de gravar um LP (sigla mais linda!). Compusemos e já tínhamos algum material que reciclámos com vista a esse objectivo e tudo foi canalizado para esse fim. É claro que gravamos demos e EP’s mas com outros projectos. Com Machinergy, penso que só podem esperar LP’s e, daqui por vinte anos, talvez um “Worst Of...”. :)

Esse material reciclado de que falas, eram ideias que foram ficando na gaveta ao longo dos anos ou coisas das antigas bandas/projectos, por onde vocês passaram, que não chegaram a ver a luz do dia? Como é que separaram o trigo do joio?

Helder: Foi mais tirar a “gordura da carne”, eheh! Sempre achámos que eram temas interessantes e como nunca tinham sido registados resolvemos pegar neles e os “muscular”. Houve uma necessidade de alterar algumas coisas, eliminámos alguns pormenores sem sentido, acrescentamos outros e começaram a soar a Machinergy, sempre de uma forma natural, simplesmente deixámos sair cá para fora as ideias que iam surgindo. Aliás, Machinergy aparece quando resolvemos “dar uns toques” para recordar velhos tempos e agarrámos no tema “Rhythmotion”, que dá título ao álbum, um tema que ficou bem diferente da versão inicial e que teve algumas estruturas bem diferentes antes de chegar a esta versão final. “Rhythmotion”, “Godus”, “Rewine” e “Moneytrees” foram os temas que resolvemos tirar da gaveta. Todos os outros nasceram já com Machinergy, tendo sido o “Blakus” o primeiro.

Referem no vosso press-release que passaram por um longo processo de gravação, mas nunca tiveram acessos de ansiedade pelo meio? Aquela vontade de acelerar um pouco mais as coisas para lançar o album um pouco mais cedo?

Helder: Queríamos fazer o melhor possível, sem complicar e dentro das nossas possibilidades. Tivemos tempo para compôr, ouvir, mudar e analisar, sem pressas e o álbum foi crescendo à medida que o registávamos. E como toda a produção foi feita por nós, antes de nos aventurarmos, tivemos que delinear bem a estratégia e aprender como iríamos levar este barco a bom porto. Tivemos que comprar equipamento e decidir muita coisa. E uma coisa muito boa é que não tínhamos o “stress” do relógio do estúdio a contar, eheh!



Acham que a experiência que adquiriram com a gravação deste disco vai suavizar um pouco mais as coisas para as gravações futuras? É costume dizer-se que só custa a primeira vez...

Ruy: Sem dúvida! Antes de mais, há que referir que aprendemos muito ao longo dos anos com as várias passagens por estúdios e também observando e ouvindo as experiências de outras pessoas ou bandas. A aventura de seres tu a gravar e a “comandar” tudo, é um enorme e difícil desafio mas é bom pois consegues quase sempre reproduzir o teu pensamento, por assim dizer. Explicar certas coisas a um produtor, às vezes é uma tarefa complexa e frustrante, para ti e para o produtor, seja por não conseguires definir com exactidão o que queres, seja porque o produtor não tem o background necessário, etc! Há muitos factores. De qualquer maneira, ao fim e ao cabo, o que importante é uma banda ter e definir um método de trabalho e ser sempre exigente e “master” da sua arte. Experimentar é essencial e, como tal, não se deixem derrotar à primeira dificuldade, tipo “deixa lá...”, “fica assim, sa lixe!”, etc e tal... Por exemplo, a pré-produção é muito importante, e não só das músicas. Pelo menos para nós, tudo é importante num disco, mesmo se é ou venha a ser, aparentemente, simples. Cedo devemos começar a trabalhar nas várias vertentes e ideias de um novo trabalho de forma a criar um todo, um fio condutor. Para mim, gravar um álbum não é o mais importante. O mais importante é gravar um álbum do qual tu ficarás orgulhoso para todo o sempre e que te dá prazer contínuo ao ouvir e ao tocar! Façam uma experiência: Gravem ou escrevam/rabisquem qualquer coisa e oiçam mais tarde. Quando voltarem a ouvir e se continuarem a gostar do que fizeram, está feito, não mexam mais que não se vão arrepender disso, eheh! Já que estamos a falar de estúdio, deixa-me dizer que o Helder foi e é o produtor de serviço de Machinergy. É ele que estuda os manuais, procura perceber toda e qualquer função dos botões, grava, mistura, etc! Eu não! Eu não tenho paciência para isso e, para além desse facto, para mim o estúdio é um autêntico martírio! Fico completamente seco! Ah... e as pessoas têm de ter muita paciência para me aturar, eheh! De qualquer maneira, apesar de alguma experiência, uma próxima gravação vai ter sempre o seu “stress” pois vais querer mais, ou como diz o outro: “... padrõezinhos para cima!”! Mas quando percebemos o maquinismo das coisas, sem dúvida que facilita!

De que forma pensam atingir esse ‘mais’? Não devem existir muitos atalhos para esse tipo de objectivo, pois não?

Ruy: O atalho é: Trabalho! O atingir esse “mais” prende-se com querer melhorar tudo a cada dia que passa. Melhorar a composição, a performance em palco, o material com que tocas, arriscar certas coisas, ser um pouco diferente também, etc. A verdade é que estamos muito estusiasmados com esta banda e este projecto e queremos dar o nosso melhor! Estamos com uma grande pica e isto dá-nos um gozo tremendo, independentemente de tudo! Portanto, acho que reunimos as condições essenciais para continuar por longos anos, eheh!

O facto de utilizarem um estúdio próprio, não só para ensaios, mas também para gravações certamente representa uma mais valia para todo a evolução da música dos MACHINERGY, certo? Vocês têm noção que são uma banda privilegiada nesse sentido?

Helder: Principalmente quando tens um elemento na banda como o Ruy, eheh! O quanto custaria uma banda aturá-lo, eheh?! Estou a brincar! Somos os dois exigentes, um de uma maneira e o outro de outra, tentamos puxar um pelo outro. Eu gosto de experimentar várias maneiras de se fazer uma coisa e isso faz um pouco de “confusão” ao Ruy, talvez por... como ele diz: “... não tenho paciência para isso...”, mas no fim ele acaba sempre por dizer “altamente!”, eheh! Somos dois velhos amigos, que trabalhamos para o mesmo, com os nossos feitios, as nossas “exigências” e, portanto, temos aqui o nosso “working place”, que nos traz algum orgulho e privilégio. Podemos trabalhar sem correrias e permite-nos realizar e experimentar todas as ideias loucas que nos vêm à cabeça, eheh!

Provavelmente ainda será cedo demais, mas não custa perguntar, os MACHINERGY já andam a trabalhar em novos temas e num novo registo ou neste momento a concentração está colocada em tocar o “Rhythmotion” o mais possível ao vivo?

Ruy: No fundo, andamos a fazer as duas coisas ao mesmo tempo! É óbvio que estamos mais concentrados e empenhados em promover o “Rhythmotion”, seja através de divulgação pelos média, seja com actuações regulares em vários pontos do país, etc. Este é o momento e estamos a trabalhar para levar a nossa arte ao maior número possível de pessoas. Mas nunca descuramos a parte de composição. Estamos sempre a fazer qualquer coisa nova, seja com Machinergy, ou então, com outros projectos paralelos que temos e que não se limitam somente à vertente musical. Mas neste momento, posso adiantar que já há material novo e que poderá, eventualmente, entrar numa segunda rodela. Temos optado por um método que julgamos nos poderá ser benéfico para futuro. Vamos criando as músicas e, paralelamente, vamos tocando ao vivo também, numa forma de maturar o material e limar arestas e, porque não, também recebermos algum feedback do pessoal. Temas como “Sounds Evolution”, “Venomith”, “Cada Falso” ou “Paraphernalia”, que não estão no disco de estreia, já andam por aí em airplay, eheh! Agora, se vão aparecer ou não num segundo trabalho, isso logo se verá! Mas posso adiantar que o próximo álbum já tem nome/título, embora provisório, eheh! Esperemos que o mundo não acabe em 2012!!

Como têm corrido as coisas a nível de palco? Conseguem sentir um bom retorno por parte do público? Tem dado para perceber como “Rhythmotion” tem estado a ser recebido?

Helder: Fizemos algumas datas desde que saiu o nosso álbum de estreia e o feedback tem sido muito bom, mesmo tendo passado pouco tempo desde o lançamento. Agora que o disco começou a passar nas rádios e a chegar às mãos do pessoal, contamos sentir um retorno ainda maior e com mais energia. “Rhythmotion” é um álbum com muita “Innergy”, tanto em disco como ao vivo, nós senti-mo-la e estamos sempre prontos para dar o melhor. Esperamos que o público a sinta também!



No que diz respeito a concertos, uma vez que frequentam os dois lados da barricada, em cima do palco como banda e lá em baixo como público, como encaram o estado actual das coisas a nível nacional?

Ruy: A oferta de concertos hoje em dia é brutal! Basta olhar a agenda de um qualquer site e, tanto a nível de bandas nacionais como internacionais que visitam o nosso país, a oferta é vasta e diversa. Penso que isso também se prende com a necessidade que as bandas/editoras sentem hoje em dia em compensar as fracas vendas, nomeadamente, de CD’s. Acho que é por isso que existem tantos concertos em Portugal, principalmente de bandas estrangeiras, pois é um meio alternativo de ir buscar alguma receita. Mas chegamos a um paradigma... A oferta é tanta (e a crise também) que muitas vezes, os concertos estão às moscas! Em termos de organização e marcação de concertos por parte de bandas underground, por vezes não é fácil! Temos alguns sítios fixos e direcionados para o Metal e depois alguns bares que vão recebendo um ou outro concerto. A grande diferença está no espírito D.I.Y. (que tem dado bons resultados) com muitos concertos organizados pelas próprias bandas, várias iniciativas, festivais, etc. Como a montanha não se desloca - nunca se desloca - vamos lá nós! Esse tem de ser o espírito!

Recuemos aqui um pouco, para mencionar os vossos outros projectos, até porque o vosso baixista, João, também divide o seu tempo com outra banda (Lost Soil). Aliando esse factor aos empregos de cada um, como se faz a gestão do tempo nos Machinergy?

Helder: Ora aqui está um elemento muito importante para uma banda, o tempo, principalmente, para quem tem filhos como é o meu caso. E também temos as nossas vidas profissionais. Há que saber lidar com a situação, há tempo para tudo. Temos que aprender a gerir tudo. Machinergy tem uma disciplina natural, não por obrigação, mas porque gostamos do que fazemos. Se às vezes surgir um contratempo e por alguma razão não podemos ensaiar, temos espaço e compreensão para lidar com isso. Machinergy é muito importante para nós, mas há outras razões que também fazem parte da nossa vida e ao contrário passa-se o mesmo, quando Machinergy precisa de mais atenção, tanto a família e até mesmo o emprego apoiam. O importante é estar a cem por cento em cada aspecto, no seu tempo. Em relação ao João e aos Lost Soil, tentamos sempre conciliar os timings para que ninguém saía prejudicado. Os outros projectos que eu e o Ruy temos, apesar de os levarmos a sério, são bandas paralelas e que de certa forma ocupam-nos num segundo plano, sempre que temos um “tempinho” expelimos para fora outras energias que não têm lugar nos Machinergy, mas temos vontade de as mostrar e por isso, para já, vamos registando alguns temas que nos dão muito gozo. É preciso é haver energia, eheh!

Energia e muita dose de paciência, pelo que percebo… Já agora, tendo em conta que a entrada do João é relativamente recente e que na sua outra banda ocupa as funções de guitarrista, como foi o seu processo de integração aos Machinergy e à sua música?

Ruy: O João aparece quase como uma dádiva, eheh! A sério, foi muito complicado arranjar baixista e, na verdade, ele nem o é, por assim dizer! Como dizes e bem, ele é guitarrista nos Lost Soil mas, como todos sabemos, um guitarrista tem sempre alguma facilidade em tocar baixo (eu próprio sempre gravei o baixo em quase todas as gravações onde estive envolvido). A sua integração foi normal. Ensaiar o material, ouvir as músicas com alguma frequência, etc. Ele é de uma geração diferente mas tem bom gosto musical e apesar de não ter a nossa “velha escola”, isso nem é problema pois as “exigências” que fazemos é que goste das músicas que toca, que não seja frete, vá aos ensaios e tenha disponibilidade para os concertos e outras cenas relacionadas com a banda, nomeadamente, estar até preparado para alguns futuros desafios. Para além da parte “técnica”, é também um puto bacano! :)

De volta ao album: falem-nos um pouco da escolha das vozes convidadas para os temas ‘Godus’ (Célia Ramos, Mons Lvnae) e ‘Incendiário’ (Hugo Rebelo, ex-Simbiose)!

Ruy: As colaborações surgiram, em primeiro lugar, pela voz de cada um deles, pela sua qualidade. O Hugo tem aquela voz inconfundível, gutural, mas não um gutural qualquer. Sempre fui fã de Simbiose (em especial da voz dele) e, com o tema “Incendiário”, ainda por cima em português e com toda a carga inerente, a ideia surgiu quase naturalmente pois é uma música com um lado mais punk de Machinergy, mais crossover. Como já nos conhecíamos de concertos, o convite foi lançado e prontamente aceite! É uma pessoa com uma grande onda, sem vedetismos e que participa nas coisas de alma e coração para além de estar sempre a contribuir com ideias! Sobre a Célia, foi relativamente semelhante. Quando a música “Godus” começou a ganhar forma, aquela ideia para a voz surgiu. Queríamos algo suave, algo que transmitisse equilíbrio pois a música fala disso mesmo, o alcançar uma certa paz numa outra dimensão, preferível a sofrer eternamente, ou seja, estamos a falar de morte como alívio em situações de extremo sofrimento. A Célia aceitou prontamente e foi um doce, eheh! Ela é impecável e tem uma voz que te deixa completamente de queixo-caído, tipo “... não canto mesmo nada...”, eheh! Basicamente, a música foi andando e ela foi pondo e sobrepondo a voz e, no final, o resultado não podia ser melhor! Foi um dia muito fixe com ambos e jamais esqueceremos a sua ajuda e disponibilidade! Bem-hajam!

Existem planos para mais colaborações futuras com outros nomes da cena portuguesa ou internacional?

Ruy: É muito provável que venha a acontecer! Andamos já com algumas ideias para o material novo, algumas eventuais participações externas, já se falou nisso. Mas gostamos de falar e discutir as coisas com calma e tempo, deixá-las amadurecer e ver se faz mesmo sentido determinada ideia. De qualquer maneira, acho que os convidados especiais, são uma mais valia e dão outro colorido a um disco.



Mas existe algum nome com o qual teriam um prazer especial em trabalhar?

Ruy: Nomes existem sempre! Mas não é por ter mais ou menos “nome” que nos interessa. Será mais porque nos diz realmente algo e à respectiva música onde poderá colaborar ou alguém que nos ajudou a crescer enquanto músicos, fãs, etc.

Mencionaram à momentos o significado do tema ‘Godus’. Existe importância para os Machinergy em atribuir significados específicos ao conteúdo lírico das vossas músicas, em oposição a outra prática comum que passa por escrever de forma filosófica deixando o significado aberto à interpretação pessoal?

Ruy: Temos títulos e conteúdos directos, sem espinhas, mas também temos algumas coisas um pouco mais “filosóficas” ou que poderão criar algumas interrogações. Acima de tudo, gostamos de, mesmo numa letra supostamente directa, não esgotar essa mesma letra aí. Podes escrever especificamente sobre algo, com um determinado alvo, mas com essas palavras carregadas de outros significados e que até poderás aplicar a outros assuntos. Por isso é que não gosto muito de escrever sobre espaços temporais, tirando uma ou outra situação mais tocante e/ou pessoal, como até é o caso da “Godus”, mas mesmo nessa música, apesar de ser sobre algo triste, a tua interpretação pode ser variada. Podes continuar com tristeza ou veres uma “luz ao fundo do túnel”. Acima de tudo, gosto de escrever sobre algo contínuo, em movimento. Algo que sempre existirá, por assim dizer. No fundo, essa é também a magia da música, ficares ali a pensar um pouco sobre a música e tal... Já escrevemos sobre situações específicas no tempo, acontecimentos, etc. Foi fixe mas acaba por ser estranho e torna-se datado com o passar dos anos.

As letras de MACHINERGY presentes no vosso album vão oscilando entre o inglês e o português, trata-se de uma escolha precisa e consciente ou está de alguma forma relacionada com o feeling que cada tema vos transmite?

Ruy: Acho que é mesmo a última que referiste. Não há nada premeditado em termos de idiomas, as coisas acontecem naturalmente. O inglês porque é algo que já está entranhado em todos nós, globalmente. E até vejo isso de forma muito positiva, é uma maneira de todos poderem entender a tua mensagem. O português, quando as palavras são bem escolhidas e colocadas, funciona maravilhosamente! É uma língua muito forte e óptima para o estilo mais pesado, ao contrário do que alguém possa pensar. Basta olhar para uma banda como Bizarra Locomotiva ou Dr. Salazar. É a perfeita simbiose!

Resumidamente, qual será então o feeling que os MACHINERGY sentem para o seu futuro enquanto banda?

Ruy: Pessoalmente, desejo é que a banda não impluda, como aconteceu no passado com outros projectos. A partir daí, é sempre a trabalhar e penso que teremos todas as condições para dar os passos que pretendemos. Um de cada vez mas com objectivos bem definidos. Desta vez não é para brincar e perder tempo como no passado. Nós já não vamos para novos mas nunca é tarde e, acreditando e trabalhando diariamente para esse fim, penso que as coisas darão os seus frutos. É como escavares um buraco, pode demorar, mas há-de aparecer água! ;)

Agradeço imenso o vosso tempo e disponibilidade, se desejarem acrescentar algo mais, força com isso!

Ruy: O prazer foi todo nosso. Agradecemos o teu apoio aos Machinergy, algo que não esqueceremos. ;) Foi uma entrevista interessante e bem longa, a mais longa até agora, eheh! Tudo de bom para ti e... morde essa bolacha!! :)

www.myspace.com/machinergy

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